Psiquiatria e Antipsiquiatria em Debate

O silêncio e a repressão a que o Estado Novo submeteu o sector da Psiquiatria em Portugal levou a que este tema social fosse escamoteado, ignorado pelos Portugueses, habituados a seguirem, pelo menos na aparência, os chavões repetidos pelas autoridades oficiais.

Com o 25 de Abril abriu-se um campo de reflexão sobre o quotidiano português, quotidiano esse que não podia deixar de englobar o problema psiquiátrico.

Nesta linha, um grupo interdisciplinar de pessoas sensibilizadas pelo escândalo dessa situação iniciou uma série de encontros que visavam a discussão da problemática dos silos e da Psiquiatria em geral.

Assim, e aproveitando a vinda a Portugal de alguns psiquiatras e trabalhadores da Psiquiatria de vários países da Europa (que periodicamente se encontram para a análise da situação psiquiátrica a nível internacional), este grupo — G. O. D. I. P. (Grupo Organizador de Debates sobre as Instituições Psiquiátricas) — resolveu promover uma série de debates públicos. A ideia não era, como foi posteriormente referido em alguns órgãos de Informação, pedir a «especialistas estrangeiros» que viessem dar lições ou dizer como deveria ser a Psiquiatria em Portugal, mas sim, e sobretudo, tentar discutir e debater com todas as pessoas interessadas os problemas da Psiquiatria portuguesa.

(Do Prefácio)