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A receção de Aristóteles em Portugal durante o século XVIII deu origem a uma corrente de pensamento sobretudo negativa, motivada pelas transformações decorrentes da revolução epistemológica de Seiscentos. Inserida no contexto iluminista europeu que inspirou um dos períodos mais reformistas da nossa história, com a intervenção assinalável do Marquês de Pombal, a interpretação dos textos antigos desenvolveu-se em dois registos que se complementam: um de teor crítico, dando espaço ao debate de ideias; um outro de cariz polemista e político, integrado numa campanha de propaganda contra um inimigo (neste caso, os Jesuítas) que tinha em Aristóteles um dos seus inspiradores no campo pedagógico e filosófico. Analisamos textos de autores representativos do período selecionado, bem como documentos legislativos e propagandísticos, por forma a percebermos as motivações que levaram ao repúdio geral da tradição aristotélica (antiga e escolástica), cujo epílogo foi a erradicação generalizada do seu estudo dos currículos académicos, renovados com a promulgação dos novos Estatutos da Universidade de Coimbra, em 1772.
Paula Carreiraé doutorada em Filosofia pela Universidade de Lisboa, com tese sobre a receção de Aristóteles do século XVIII em Portugal, abordando a interseção entre o discurso intelectual e o político. Tem licenciatura e mestrado em Estudos Clássicos pela mesma faculdade. É investigadora contratada do LE@D da Universidade Aberta e colaboradora do Centro de Estudos Globais da mesma Universidade. É presidente da direção do Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes, de que foi também membro fundador. Foi bolseira de doutoramento da FCT e de investigação de vários projetos financiados, nomeadamente Pombalina: Para a construção de um corpus pombalino, parte I – Os Escritos Historiográficos Pombalinos e Dicionário Histórico das Ordens e Congregações em Portugal e nos Países Lusófonos.
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