Coleção: Suzana Ramos

Quando era muito, muito pequena, apanhou um avião com dois amigos pouco mais velhos e veio a alta velocidade de Moçambique para Lisboa com a identificação «menor desacompanhado» pendurada ao pescoço. Depois disso, o tempo pôs-se mais frio e começou a passar muito, muito devagar. Mas alguns anos mais tarde, durante a licenciatura em Filosofia, voltou a passar muito a correr, mas é melhor não se saber ao certo por que é que isso aconteceu. E por razões que a razão reconhece mas que o coração escondeu anos a fio, foi fazer um mestrado em Estudos Americanos, variante de Literatura e Cinema. Por serem tempos particularmente felizes, os ponteiros do relógio avançaram cada vez depressa. Para além de alguns ensaios que demoraram bastante a escrever, publicou O Tamanho da Minha Altura (Assírio & Alvim 2009), texto vencedor do Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2007; Histórias de Pontuar(Dinalivro, 2012) e agora o Pequeno Livro do Tempo (Afrontamento, 2015). Vive com três árvores – um limoeiro temperamental, uma oliveira despenteada e uma laranjeira generosa – e dois seres extraordinários que lhe ensinam todos os dias o que é a eternidade. Tem uma simpatia muito particular pelo Chapeleiro Maluco e pela Lebre de Março, gatos de todas as cores e feitios, poetas portugueses, escritores russos e americanos. Às vezes, quando olha para um relógio, tem a certeza de que o tempo provavelmente não cura tudo, mas é de certeza um grande escultor.